A ousadia jovem que transforma a cultura organizacional

Era uma grande empresa, com milhares de funcionários, que estava numa curva de acentuado crescimento e contratando muita gente nova, especialmente da geração Y. Um dos programas existentes era uma reunião de boas-vindas, que ocorria pelo menos uma vez por mês. Os novos contratados eram chamados ao auditório para assistirem algumas apresentações sobre a empresa, sua organização e história.

Havia vários apresentadores e, na maioria das vezes, o presidente aparecia para falar um pouco da história, falava muito sobre os fundamentos da empresa, do passado e de como a empresa havia crescido nas últimas décadas, sempre com bases sólidas e valores fortes. O presidente costumava terminar sua apresentação segurando em suas mãos um livro sobre a história da empresa, cheio de fotografias e fatos históricos. Daí ele fazia uma pergunta para platéia, e quem respondesse acabava ganhando o livro, motivo de orgulho do presidente e de seu time executivo.

Um dia, num desses encontros, o presidente já estava terminando a apresentação, quando fez a tal pergunta.
Um jovem, de 23 anos, com poucas semanas de empresa, respondeu a pergunta e ganhou o livro das mãos do presidente. Surpreendentemente, o jovem, ainda com o microfone nas mãos, falou: “Senhor Presidente, eu agradeço muito este livro que conta o passado e as glórias da empresa, mas, por acaso, o senhor tem aí um livro que fala sobre o futuro da empresa?”

Este caso ficou famoso e fez cair por terra a percepção que todos tinham, de que a apresentação de boas-vindas do presidente era impactante para os novos contratados. Decidiram fazer, então, uma pesquisa com os últimos participantes e descobriram que a maioria achava enfadonho e desinteressante ficar ouvindo fatos do passado da empresa, coisas distantes e desconectadas do interesse e do dia a dia dos jovens recém-contratados. Perguntaram o que eles queriam, e ficou evidente que os novos funcionários queriam saber dos planos da empresa para vencer no mercado, saber das oportunidades de crescimento e desenvolvimento e como o presidente imaginava a empresa para a próxima década. Ou seja, todos queriam o tal “livro do futuro”.

Então reformularam tudo. A reunião de boas-vindas passou a ser conduzida por funcionários mais jovens, compartilhando experiências positivas e visões de futuro. Mensagens entusiasmadas e de inspiração encheram as quase duas horas da reunião. No final, o presidente continuava aparecendo, ele falava brevemente sobre a história e como ele enxergava a empresa no futuro. A reunião sempre terminava de modo entusiasmado.

E o livro? O livro continuou sendo entregue, mas desta vez como uma inspiração para o futuro. Enfim, viva a geração Y.

Ah, essa história é verdadeira, mas não adianta perguntar a empresa porque essa eu não conto.